07:La extensión en Educación Física

RELATO DE EXPERIÊNCIA: “JIU-JITSU E PREPARO FÍSICO NO ENSINO MÉDIO”

  • Luzardo, Ana Luiza Marques (Universidade Federal de Santa Maria)
  • Rockenbach, Max Pacheco (Universidade Federal de Santa Maria)
  • De Batista, Antônio Carlos Gelati (Universidade Federal de Santa Maria)
  • Luzardo, Ana Helena Marques (Universidade Federal de Santa Maria)
Resumen

Introdução:
Durante o ano letivo de 2025, acadêmicos vinculados ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) desenvolveram treinos de Jiu-Jitsu com alunos do Ensino Médio de uma escola pública de Santa Maria. O programa, criado pela CAPES, concede bolsas a estudantes de licenciatura para atuarem em escolas públicas, aproximando teoria e prática e fortalecendo a formação docente. Os encontros ocorreram semanalmente ao meio-dia, integrando a prática da arte marcial ao desenvolvimento físico, cognitivo e socioemocional dos estudantes. O objetivo foi possibilitar a aprendizagem técnica do Jiu-Jitsu aliada ao aprimoramento de capacidades físicas e à vivência de valores como disciplina, respeito e autonomia. Estudos indicam que praticantes de Jiu-Jitsu apresentam níveis superiores de força, resistência e coordenação em comparação com não praticantes, evidenciando a relevância dessa prática para o desenvolvimento integral dos jovens (SILVA; RODRIGUES; SOARES, 2012; 2019).


Metodologia:
O estudo caracteriza-se como relato de experiência, modalidade que registra práticas vivenciadas em ensino, pesquisa ou extensão, com embasamento científico e reflexão crítica sobre a prática (MUSSI; FLORES; ALMEIDA, 2021). A população incluiu três turmas do Ensino Médio, totalizando 102 alunos, com participação voluntária: inicialmente 10 alunos demonstraram interesse, mas apenas cinco completaram todas as etapas. Os treinos foram estruturados em aquecimento, envolvendo força, resistência, coordenação e jogos lúdicos, estimulando raciocínio e consciência corporal. Na sequência, eram praticadas técnicas de Jiu-Jitsu, como rolamentos, quedas, posições de guarda e defesas básicas, com resistência do parceiro. Por fim, realizavam-se exercícios complementares e desafios corporais para fixação do conteúdo e integração dos alunos. O pré-teste, aplicado em março, avaliou Potência Muscular Inferior (PMI) pelo salto horizontal, Potência Muscular Superior (PMS) pelo arremesso de medicineball sentado e Resistência Muscular Localizada (RML) pelo número de abdominais em 1 minuto. O pós-teste, realizado em julho, considerou apenas os cinco alunos que permaneceram (GAYA et al., 2021).

Resultados/discussão:
Durante o semestre, os alunos apresentaram evolução física e socioemocional significativa. Estudantes com pouca experiência ganharam confiança, disciplina e respeito mútuo. A interação entre diferentes perfis fortaleceu a cooperação e a troca de conhecimentos. Os resultados quantitativos mostraram evolução significativa: a Potência Muscular Inferior (PMI) aumentou de 1,15–2,06 m para 1,25–3,02 m (+25,9%), a Potência Muscular Superior (PMS) passou de 3–4,75 m para 3,5–5,45 m (+23,0%) e a Resistência Muscular Localizada (RML) evoluiu de 29–46 para 34–53 repetições (+6,0%). Esses avanços corroboram a literatura, indicando que o Jiu-Jitsu favorece força, resistência e habilidades motoras (SILVA; RODRIGUES; SOARES, 2012; 2019). Além dos ganhos físicos, houve benefícios comportamentais, pois os alunos desenvolveram autoconfiança, disciplina e cooperação. Cardoso de Jesus (2022) ressalta que o Jiu-Jitsu promove desenvolvimento integral, atuando na performance física, autoestima e nas relações sociais.

Considerações finais:
A experiência demonstrou que, mesmo com encontros semanais e amostra reduzida, houve avanços no preparo físico e no desenvolvimento socioemocional dos estudantes. A prática da arte marcial, aliada a planejamento e avaliação contínua, contribuiu para ganhos motores e formação de valores como respeito, disciplina, cooperação e autonomia. O relato reforça a importância da Educação Física escolar como espaço de formação integral, mostrando que práticas corporais de luta podem ser instrumentos pedagógicos eficazes, ampliando engajamento e aprendizado por meio do movimento.

Referências:
CARDOSO DE JESUS, Allan Patrick. Os benefícios da prática de jiu jitsu na adolescência. Unisales, 2022. Disponível em: https://unisales.br/wp-content/uploads/2022/05/Artigo_TCC_2021.2_-Allan_Patrick_Cardoso_de_Jesus.pdf.

GAYA, Anelise Reis; GAYA, Adroaldo; PEDRETTI, Augusto; MELLO, Júlio. Projeto Esporte Brasil: Manual de medidas, testes e avaliações. 5. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2021. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/283529197_PROESP-Br_Manual_de_testes_e_avaliacao.

MUSSI, Ricardo Franklin de Freitas; FLORES, Fábio Fernandes; ALMEIDA, Claudio Bispo de. Pressupostos para a elaboração de relato de experiência como conhecimento científico. Práxis Educacional Online, Vitória da Conquista, v. 17, n. 48, p. 60-77, out./dez. 2021. DOI: 10.22481/praxisedu.v17i48.9010.

SILVA, Carlos Alberto da; RODRIGUES, Abraham Lincoln de Paula; SOARES, Stela Lopes. Aptidão física de alunos do ensino médio praticantes e não praticantes de jiu-jitsu. Revista Brasileira de Ciências do Movimento, Brasília, v. 20, n. 2, p. 71–80, 2012. DOI: 10.18511/rbcm.v20i2.1324.

SILVA, Carlos Alberto da; RODRIGUES, Abraham Lincoln de Paula; SOARES, Stela Lopes. Comparação dos níveis de aptidão física entre escolares praticantes e não praticantes de jiu-jitsu. Temas em Educação e Saúde, Araraquara, v. 15, n. 1, p. 71–92, jan./jun. 2019. DOI: 10.26673/tes.v15i1.12357.

Palavras chaves: Jiu-jitsu, Condicionamento Físico, Educação Física, Relato de Experiência.