O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) constitui-se como uma política pública voltada ao fortalecimento da formação inicial docente, por meio da inserção de licenciandos no contexto escolar. Na Educação Física, essa inserção amplia as possibilidades de práticas pedagógicas e favorece a valorização da cultura corporal de movimento, elemento essencial para a formação integral dos estudantes. No cenário contemporâneo, a Educação Física escolar apresenta-se como um território em disputa, marcado por tensões entre práticas tradicionais e propostas inovadoras, bem como pelas contradições estruturais enfrentadas pelas escolas públicas. Nesse contexto, o PIBID emerge como espaço de ressignificação dos saberes docentes e de construção de práticas pedagógicas alinhadas a uma Educação Física “por vir”, comprometida com a transformação social e a democratização do acesso ao conhecimento. O objetivo deste estudo foi analisar os impactos do PIBID Educação Física da UFSM no cotidiano escolar, a partir da percepção de professoras supervisoras, buscando compreender de que forma tais experiências tensionam e renovam as práticas pedagógicas no espaço escolar. A pesquisa apresenta abordagem qualitativa e caráter exploratório. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com três professoras supervisoras de escolas públicas parceiras do PIBID Educação Física/UFSM. A questão norteadora foi: “Qual o impacto do PIBID Educação Física na escola?”. As falas foram registradas e analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, buscando identificar eixos de sentido recorrentes. Da análise emergiram três eixos principais. O primeiro refere-se às trocas de saberes e inovação pedagógica: as supervisoras destacaram a contribuição dos bolsistas para a renovação das práticas docentes, especialmente por meio da criação de clubes e oficinas extracurriculares que ampliaram as experiências corporais dos estudantes. O segundo eixo trata do impacto no cotidiano escolar: a atuação dos pibidianos foi percebida como fundamental para a dinamização das aulas e para o apoio organizacional da escola, contribuindo inclusive para a redução da sobrecarga administrativa das professoras. Por fim, o terceiro eixo aborda as limitações estruturais, evidenciando a escassez de materiais e espaços adequados em muitas escolas públicas, o que em alguns casos exigiu adaptações metodológicas significativas. A partir desses achados, observa-se que o PIBID Educação Física constitui-se como espaço privilegiado de disputas e ressignificações no campo da Educação Física escolar. Ao mesmo tempo em que desafia práticas cristalizadas, promove a inserção de novas metodologias que dialogam com as demandas atuais dos estudantes. Essa experiência reforça o papel do PIBID na construção de uma formação inicial docente mais crítica e reflexiva, alinhada a uma concepção de Educação Física que ultrapassa a dimensão técnica e assume caráter formativo, cultural e social. Conclui-se que o PIBID Educação Física não apenas promove inovação pedagógica e fortalece os vínculos entre universidade e escola, mas também enriquece as experiências educativas dos alunos. Simultaneamente, contribui para a formação inicial dos licenciandos, inserindo-os em um espaço de disputas de saberes e práticas que caracteriza a Educação Física contemporânea. Dessa forma, o programa se apresenta como uma iniciativa potente para a consolidação de uma Educação Física crítica, inclusiva e comprometida com a transformação da escola pública.