PADEL ADAPTADO: VIVÊNCIAS COM MATERIAIS ALTERNATIVOS EM CONTEXTO ESCOLAR DE VULNERABILIDADE

No contexto educacional, especialmente em escolas inseridas em realidades de vulnerabilidade social, a escassez de recursos pedagógicos impõe desafios significativos para a prática de atividades esportivas diversificadas. Muitas vezes, a falta de materiais adequados limita as possibilidades de vivências corporais e restringe o contato dos estudantes com modalidades que poderiam contribuir de maneira ampla para seu desenvolvimento. Nesse cenário, a adaptação de modalidades torna-se uma estratégia fundamental para promover experiências significativas, inclusivas e acessíveis. O presente trabalho teve como objetivo relatar a experiência de ensino do pádel no Ensino Fundamental, utilizando materiais alternativos confeccionados pelos próprios alunos. O pádel é um esporte de rede e parede, semelhante ao tênis, praticado em duplas, cujo objetivo é manter a bola em jogo utilizando raquetes e fazendo uso das paredes laterais como parte da dinâmica. Trata-se de uma modalidade em expansão no Brasil, mas ainda pouco presente em ambientes escolares, principalmente em contextos de vulnerabilidade. Sua adaptação, portanto, possibilita que os alunos tenham contato com um esporte inovador, favorecendo o desenvolvimento motor, social e cognitivo de forma acessível. A intervenção foi realizada no estágio supervisionado em Educação Física, com uma turma de 20 estudantes do 4º ano de uma escola localizada na região leste da cidade de Santa Maria, durante o primeiro semestre de 2025. As aulas ocorreram semanalmente e tiveram como proposta o ensino do pádel adaptado, a partir da confecção de raquetes de papelão e elásticos, permitindo aos alunos o contato com uma modalidade esportiva nova em sua realidade. A metodologia adotada priorizou atividades lúdicas e cooperativas, contemplando tanto a aprendizagem dos gestos técnicos básicos (controle da bola, ataque e defesa) quanto a valorização do trabalho coletivo. As rodas de conversa ao final das aulas possibilitaram reflexões sobre regras, respeito mútuo e cooperação, fortalecendo aspectos sociais e cognitivos no processo de ensino-aprendizagem. Os resultados evidenciaram o entusiasmo dos estudantes, tanto na produção dos materiais quanto na vivência das atividades. A utilização de recursos simples mostrou-se eficaz para democratizar o acesso ao esporte, promovendo inclusão, participação ativa e desenvolvimento integral. Conclui-se que a adaptação do pádel ao contexto escolar de vulnerabilidade contribuiu para o fortalecimento das práticas pedagógicas criativas na Educação Física, reafirmando a possibilidade de oferecer experiências esportivas de qualidade, mesmo em situações de recursos limitados. A utilização de materiais alternativos e estratégias didáticas inovadoras demonstrou que a ausência de recursos tradicionais não precisa ser um impeditivo para o ensino de novas modalidades, mas sim uma oportunidade de estimular a criatividade e a construção coletiva do conhecimento. Além disso, essa experiência reforçou valores importantes no processo educativo, como a inclusão, a cooperação e o protagonismo dos alunos, que passaram a compreender o esporte não apenas como prática de lazer, mas também como ferramenta de aprendizagem, socialização e superação de desafios. Dessa forma, a inserção do pádel adaptado mostrou-se um exemplo concreto de como a escola pode ressignificar o espaço da Educação Física, garantindo acesso, diversidade e qualidade no ensino, mesmo em contextos de vulnerabilidade social.
Palavras-chave: Pádel. Educação Física. Materiais adaptados. Vulnerabilidade social. Inclusão.