06:Enseñanza de la Educación Física

LUDICIDADE NA ADOLESCÊNCIA: VIVÊNCIAS EM UMA OFICINA DE JOGOS E BRINCADEIRAS

  • Griebler, Alexandre Henrique (UFSM)
  • Miola, Isabela Bagetti (UFSM)
Resumen

A adolescência é um período marcado por transformações físicas, cognitivas, emocionais e sociais, no qual as experiências lúdicas, entendidas como ‘expressão humana de significado da/na cultura referenciada no brincar consigo, com o outro e com o contexto’ (GOMES, 2004, p. 141), contribuem para a construção de identidade e para o fortalecimento das relações interpessoais. No contexto escolar, jogos e brincadeiras possibilitam a criatividade, o desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas, além da compreensão de regras e cooperação. No primeiro semestre de 2025, foi realizada uma oficina de jogos e brincadeiras para adolescentes, no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), cujo objetivo é promover o ingresso dos acadêmicos de licenciatura nas escolas públicas brasileiras, fomentando a participação ativa dos estudantes dentro do contexto escolar, desde o início da graduação. Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência da oficina de jogos e brincadeiras, com o intuito de promover vivências lúdicas significativas para essa faixa etária, revelando como a ludicidade, mediada por práticas corporais diversificadas, contribuiu para a socialização, o engajamento e o desenvolvimento integral dos adolescentes. A oficina ocorreu semanalmente, com duração de 60 a 75 minutos, entre março e julho, totalizando 14 encontros, com estudantes do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, no turno inverso, na Escola Municipal de Ensino Fundamental, em Santa Maria (RS). A escola atende majoritariamente alunos de famílias de classe média baixa e trabalhadores da comunidade, sendo que todos os participantes da oficina eram moradores da própria região em que a escola está inserida, o que reforçou o vínculo entre o espaço escolar e o território. No total, 17 alunos se inscreveram, sendo 8 meninas e 9 meninos, com média de idade de 12 anos; contudo, apenas 12 participantes compareciam regularmente às atividades, compondo o grupo principal de observação. As propostas priorizaram o caráter lúdico e integrador, favorecendo a participação de todos e reduzindo a ênfase na competição. Foram utilizados materiais variados como petecas, frisbees, bolas, raquetes, bambolês e cones . Os jogos incluíram tanto modalidades conhecidas, como queimada, basquete, futebol, quanto práticas menos comuns de vôlei sentado, tacobol, pebolim humano e ultimate frisbee. Todos adaptados para estimular a criatividade e a cooperação. As observações sobre a participação e desempenho dos alunos foram registradas durante o período através de um portfólio semanal, que se constituiu como o instrumento de coleta de dados do trabalho, possibilitando acompanhar a assiduidade, o engajamento e as percepções construídas em cada encontro. Nos primeiros encontros, a participação dos estudantes foi reduzida, fato que pode ser explicado pela cultura da esportivização enraizada no contexto escolar. Muitos alunos esperavam que o projeto oferecesse práticas voltadas aos esportes tradicionais de alto rendimento — como Vôlei, Basquete, Futebol e Handebol. Esse imaginário coletivo, que associa a Educação Física prioritariamente às modalidades esportivas, contribuiu para uma adesão inicial baixa quando a proposta apresentada foi uma oficina de Jogos e Brincadeiras voltada a adolescentes. Entretanto, à medida que as atividades foram diversificadas e adaptadas conforme o interesse do grupo, os alunos passaram a demonstrar maior interesse e envolvimento. Com isso, houve aumento no número de participantes e melhora na interação entre estudantes de diferentes idades e gêneros. As atividades favoreceram a expressão corporal, o respeito às diferenças e o fortalecimento de vínculos, além de ampliar o repertório motor. As adaptações nas regras e nos formatos dos jogos estimularam a criatividade e proporcionaram experiências de cooperação, resolução de problemas e tomada de decisões em grupo, competências essenciais nessa fase de vida. Relatos positivos dos alunos e da equipe escolar reforçaram os impactos físicos, sociais e cognitivos das vivências propostas. As experiências desenvolvidas mostraram que, na adolescência, o brincar continua sendo um recurso pedagógico valioso, capaz de integrar aprendizagem e socialização. Jogos e brincadeiras adaptados ao contexto e ao interesse dos participantes podem ressignificar o espaço escolar, tornando-o mais acolhedor e participativo. A continuidade de ações lúdicas voltadas para adolescentes, contribui para o desenvolvimento integral, fortalece a identidade coletiva e reafirma o valor do brincar como elemento formativo nesta etapa de transição para a vida adulta.

Palavras-chave: Ludicidade; Adolescência; Jogos e Brincadeiras; Experiências pedagógicas; Formação integral.

Referências:
GOMES, Christianne Luce. (Org.). Dicionário Crítico do Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. p. 141-146